segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A transposição da maldição?


A greve de fome do bispo Dom Luiz Flávio Cappio da diocese de Barra realizada em Sobradinho junto ao rio São Francisco está se aproximando do limite em que a vida corre perigo. Temos que alertar o poder público para que não permita a morte do bispo. O dilema posto por Lula é falso: entre os pobres e o bispo fico com os pobres. O verdadeiro dilema posto pelo bispo é este: entre os pobres e o agronegócio fico com os pobres.

Dada a insensibilidade dos poderes públicos e dos meios de comunicação face à evangélica greve de fome do bispo, envio este texto de advertência, publicado no dia 26 de fevereiro de 2007 no Jornal do Brasil do Rio de Janeiro e em outros 60 diferentes jornais do Brasil, com versão em espanhol e em inglês. O alerta antecipado continua válido e o apelo ao Governo assumiu dimensões de urgência.


A transposição da maldição
- O Governo através do Ministério da Integração Nacional declarou que "vai sair do campo da retórica" e já vai proceder a licitação das obras, orçadas nesta etapa, em R$ 100 milhões em vista da transposição do rio São Francisco. Derrubadas as liminares na Justiça, dissuadido o bispo que fez greve de fome, Dom Luiz Flávio Cappio e com o discutível aval do Instituto Brasileiro de Agricultura e Meio Ambiente(IBAMA), pretende o Governo realizar agora a transposição.

O argumento de base é emocional: "não se pode negar uma caneca de água a 12 milhões de vítimas da seca".
É exatamente no afã de dar água ao triplo de vítimas da seca que se deve questionar o projeto. Baseio meus dados num artigo publicado no dia 23 de fevereiro em O Estado de São Paulo do respeitável jornalista Washington Novaes "Um novo desfile e a mesma fantasia" e em outras fontes.

O apoio principal do projeto foi dado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, onde o governo federal, sozinho, tem a maioria dos votos. Ao contrário, grandes especialistas na área como os professores Aziz Ab’Saber e Aldo Rebouças da Universidade de São Paulo, Abner Curado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, João Suassuna da Fundação Joaquim Nabuco mostraram que o problema no Semi-Árido é mais de gestão do que de escassez.


A Agência Nacional de Aguas (ANA) provou que é possível abastecer os municípios sem precisar da transposição do rio. O IBAMA que deu o aval, forneceu, sem querer, argumentos contra o projeto. Reconhece que 70% da água seriam para irrigação e 26% para o abastecimento de cidades; que a maior parte da água transposta iria para açudes onde se perde até 75% por evaporação; que 20% dos solos que se pretendia irrigar "têm limitações para uso agrícola"e "62% dos solos precisam de controle, por causa da forte tendência à erosão".


O Tribunal de Contas da União diz que o projeto não beneficiará o número de pessoas pretendido. Efetivamente, as comparações entre os projetos do Governo e da ANA, feitas por Roberto Malvezzi, bom conhecedor da bacia do São Franscisco, mostrou que o do Governo custaria R$ 6,6 bilhões, atenderia apenas a quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará) beneficiando 12 milhões de pessoas de 391 municípios, enquanto o projeto da ANA custaria 3,3 bilhões, atingindo nove estados (Bahia, Sergipe, Piauí, Alagoas, Pernambuco, Rio do Norte, Paraíba, Ceará e Norte de Minas), beneficiando 34 milhões de pessoas de 1356 municípios.


O próprio Comitê de Gestão da Bacia que conhece bem as questões do rio, foi por 44 votos a 2 contra a transposição; diz ainda que esta atende a menos de 20% do Semi-Árido e que 44% da população do meio rural continuaria sem água. São razões de grande peso.
Se o Governo quiser efetivamente levar água aos sedentos do Nordeste deve reabrir a discussão pública ou então encampar o projeto da ANA. Caso não ocorrer, podemos contar com nova greve de fome do bispo Dom Luiz Flávio Cappio.

Entre o povo que não quer a transposição e as pressões de autoridades civis e eclesiásticas, ele ficará do lado do povo. E irá até o fim.
Então a transposição será aquela da maldição, feita à custa da vida de um bispo santo e evangélico. Estará o Governo disposto a carregar esta pecha pelo futuro afora?
Leonardo Boff Teólogo

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

É possível falar sobre um método Agostiniano de Oração?

Conforme o próprio título sugere, creio ser uma tarefa não das mais fáceis. Pois, a nossa proposta trata-se, de um verdadeiro desafio que enfrentaremos durante essas semanas onde se seguirão algumas reflexões sobre o assunto. Essa dificuldade tem um motivo muito simples: o próprio Agostinho não deixou sistematicamente tal método. Temos apenas pontos, espalhados em toda sua vasta literatura.

Por essa razão, adotarei uma postura mais cautelosa, sem grandes pretensões de esgotar o assunto, mas, manifestando claramente o desejo de que nossos “encontros virtuais” possam ajudar a despertar a nossa vida para o que o próprio Agostinho falou sobre a busca pessoal de Deus, e que nos sintamos estimulados à, também nós, tentarmos nutrir uma verdadeira busca por Deus a exemplo deste homem que tanto nos ensina até os nossos dias e que inspira o modo de vida de nossa comunidade.

Nossa primeira reflexão tem como ponto de partida uma célebre frase encontrada no início das suas confissões: “Fizeste-nos para Ti Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti”(Confissões 1,1,1). Esta afirmação é como que uma esteira luminosa onde caminha toda a espiritualidade Agostiniana. Ela revela-nos uma realidade profunda de toda humanidade: existe em nós uma inquietação básica pelo fato de ainda não termos alcançado o sentido último de nossa existência e se formos honestos – eu quero ser – nunca poderemos atingi-lo plenamente nessa vida. Somos peregrinos neste mundo, estrangeiros nesta terra e temos como “objeto” de nossos desejos e pulsões mais essenciais e íntimas o próprio Deus.

Essa sede de Deus é a força propulsora que impulsiona a vida para o encontro com Ele, que é, o ponto de repouso do coração que arde no desejo de ser feliz e de realização. Na tentativa de um modo Agostiniano de buscar Deus e de encontrá-Lo, devemos ter esse “espírito livre” para fazê-lo. Não podemos jamais prescindir desse primeiro movimento: O Senhor nos atrai a si e essa atração corresponde profundamente a nossa sede de amor e de ser feliz. O coração humano vazio de sentido encontra em Deus o seu correspondente, o amante esperado, aquele que o realiza profundamente, que dá respostas às questões mais profundas do nosso ser.


Em palavras mais simples: Um jeito Agostiniano de oração começa, antes de tudo, com uma busca sincera por Deus, e isso inclui reconhecê-lo como único objeto de nossa busca. Quando buscamos a felicidade, a realização, quando buscamos ser amados, é o próprio Deus quem buscamos, muitas vezes até sem saber. Por fim, fiquemos com as palavras do próprio Agostinho:

“Procurei algo para amar, pois estava apaixonado pelo amor [...] Intimamente sentia fome, por carência de um alimento interior, que nada mais é que tu meu Deus. Essa fome, contudo, não me tornava faminto. Não ansiava pelo alimento incorruptível, não por fartar-me dele, mas por que quanto mais ele me faltava, mas detestável me parecia (Confissões 3,1,1).”

Até semana que vem meus irmãos!

Fiquem Nele, que nos encanta e nos atrai com uma beleza redentora!

Koinonia Pneumátos

Danillo Holzmann

Co-Fundador da Fraternidade

domingo, 2 de dezembro de 2007

A oração do Cenáculo agora é multimídia

Todos os domingos, trechos da oração do Cenáculo serão disponibilizados no nosso blog. Pequenos vídeos serão feitos com o intuito de que aqueles ou aquelas que não possam ir à oração, por algum motivo, orem conosco virtualmente!!!

Confira nosso primeiro vídeo e reze conosco...