segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

É possível falar sobre um método Agostiniano de Oração?

Conforme o próprio título sugere, creio ser uma tarefa não das mais fáceis. Pois, a nossa proposta trata-se, de um verdadeiro desafio que enfrentaremos durante essas semanas onde se seguirão algumas reflexões sobre o assunto. Essa dificuldade tem um motivo muito simples: o próprio Agostinho não deixou sistematicamente tal método. Temos apenas pontos, espalhados em toda sua vasta literatura.

Por essa razão, adotarei uma postura mais cautelosa, sem grandes pretensões de esgotar o assunto, mas, manifestando claramente o desejo de que nossos “encontros virtuais” possam ajudar a despertar a nossa vida para o que o próprio Agostinho falou sobre a busca pessoal de Deus, e que nos sintamos estimulados à, também nós, tentarmos nutrir uma verdadeira busca por Deus a exemplo deste homem que tanto nos ensina até os nossos dias e que inspira o modo de vida de nossa comunidade.

Nossa primeira reflexão tem como ponto de partida uma célebre frase encontrada no início das suas confissões: “Fizeste-nos para Ti Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti”(Confissões 1,1,1). Esta afirmação é como que uma esteira luminosa onde caminha toda a espiritualidade Agostiniana. Ela revela-nos uma realidade profunda de toda humanidade: existe em nós uma inquietação básica pelo fato de ainda não termos alcançado o sentido último de nossa existência e se formos honestos – eu quero ser – nunca poderemos atingi-lo plenamente nessa vida. Somos peregrinos neste mundo, estrangeiros nesta terra e temos como “objeto” de nossos desejos e pulsões mais essenciais e íntimas o próprio Deus.

Essa sede de Deus é a força propulsora que impulsiona a vida para o encontro com Ele, que é, o ponto de repouso do coração que arde no desejo de ser feliz e de realização. Na tentativa de um modo Agostiniano de buscar Deus e de encontrá-Lo, devemos ter esse “espírito livre” para fazê-lo. Não podemos jamais prescindir desse primeiro movimento: O Senhor nos atrai a si e essa atração corresponde profundamente a nossa sede de amor e de ser feliz. O coração humano vazio de sentido encontra em Deus o seu correspondente, o amante esperado, aquele que o realiza profundamente, que dá respostas às questões mais profundas do nosso ser.


Em palavras mais simples: Um jeito Agostiniano de oração começa, antes de tudo, com uma busca sincera por Deus, e isso inclui reconhecê-lo como único objeto de nossa busca. Quando buscamos a felicidade, a realização, quando buscamos ser amados, é o próprio Deus quem buscamos, muitas vezes até sem saber. Por fim, fiquemos com as palavras do próprio Agostinho:

“Procurei algo para amar, pois estava apaixonado pelo amor [...] Intimamente sentia fome, por carência de um alimento interior, que nada mais é que tu meu Deus. Essa fome, contudo, não me tornava faminto. Não ansiava pelo alimento incorruptível, não por fartar-me dele, mas por que quanto mais ele me faltava, mas detestável me parecia (Confissões 3,1,1).”

Até semana que vem meus irmãos!

Fiquem Nele, que nos encanta e nos atrai com uma beleza redentora!

Koinonia Pneumátos

Danillo Holzmann

Co-Fundador da Fraternidade

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom! Uma de nossas características sempre foi a fome e sede insaciáveis por Deus. Vamos, então, persegui-la novamente.

Anônimo disse...

"Onde reina o amor, fraterno amor, onde reina o amor, Deus aí está"... Precisamos "fazer" "valer" a presença de Deus. Abracemos a causa!
Um abraço!